terça-feira, 28 de maio de 2013

ALCATÉIA‎ > ‎ História do Ramo Lobinho Uma breve história do surgimento do Ramo Lobinho...


Na edição original do livro "Escotismo para Rapazes", Baden-Powell não fixou um limite de idade mínima, nem máxima para o ingresso do menino no Movimento Escoteiro. Como conseqüência disso as tropas tinham meninos cujas as idades flutuavam entre 9 a 18 anos.
As coisas, no entanto, não eram tão simples assim! Imediatamente levantaram-se agudas e persistentes vozes dos meninos que eram muito pequenos para serem escoteiros, irmãos menores, que não estavam na faixa etária da "diversão" organizada no princípio do século, queriam entrar na brincadeira e não podiam esperar mais.
Os "pequenos" foram tão persistentes, intrometendo-se nas reuniões de Tropa e iniciaram alguns ensaios por volta de 1909.
Os primeiros esforços de trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso. Alguns escoteiros sentiram em receber estas crianças como "Junior Scouts", mas os resultados foram desastrosos.
A tropa desestruturou-se, os mais velhos não desejavam misturar-se com os pequenos e estes não conseguiram acompanhar as vigorosas atividades feitas pelos escoteiros.
Tomar providências para que o que mais tarde foi chamado "Junior Scouts"(Escoteiro Junior), foi uma tarefa muito árdua para Baden-Powell, pois embora ele estivessem receptivo à idéia, teve que tomar precauções para evitar a impressão que seu Movimento estava criando um jardim de infância para escoteiros.
Naturalmente o uniforme era o mais esperado pelos meninos, assim, essa primeira versão do LOBISMO usava chapéu de abas largas, um lenço, uma mochila e um bastão.
Eles aprendiam nós simples, sinais de pista, semáfora e noções rudimentares de primeiros socorros.
Isto, na verdade, constituía uma versão diluída do Escotismo aplicada por incomodados Assistentes ou Chefes de Tropa.
Não há dúvida de que o pioneiro do nosso ramo foi o Reverendo A.R. Brow, Chefe da Tropa número 1 do Enfield Highway, em Niddlessex, Inglaterra. Foi ele quem em janeiro de 1910, publicou um artigo no "Headquarters Gazette", onde concretamente questionava: O que iremos fazer com os meninos menores de 12 anos?
B.P. teve dupla preocupação, conforme explicou em artigo do "Headquarters Gazette", a primeira era de não exaurir as crianças desta idade com atividades que não estavam além de sua capacidade física; e a segunda era evitar o risco de perturbar os rapazes mais velhos, os quais poderiam se sentir humilhados em terem de executar as mesmas atividades que os mais jovens.
Para esclarecer as suas idéias, escreveu no final do ano de 1913 as primeiras tentativas de denominar os meninos menores e entre as sugestões do chefe estavam os nomes de :Juniores Scouts ? Beavers (castores) ou Wolf Cubs (lobinhos) ou Cubs (filhotes) ou Colts (potros) ou Trappers (ajudante de caçador).
Em suma B.P. preocupava-se que o novo ramo tivesse suas próprias características, não fosse uma versão simplificada do programa dedicado aos escoteiros.

"Um ponto essencial é manter o Lobismo tão diferente, quanto o possível do Escotismo, de forma que o lobinho tenha desejo de chegar a ser escoteiro quando estiver na idade adequada. Um menino que está crescendo anseia por mudanças e variedade, e se o Escotismo não é mais que um passo adicional do Lobismo, se cansaria dele. Ele quer encontrar novas práticas e novas idéias quando se tornar um escoteiro". Baden-Powell


As primeiras regras

Depois deste período de experiências e indagações, B.P. solicitou a Percy W. Everett que estudasse o que estava fazendo e que redigisse um esquema provisório. Em novembro de 1913, Everett lhe apresentou um projeto intitulado: Regras para escoteiros menores.

Sobre este manifesto o Chefe manifestou seu agradecimento ao reverendo Everett, salientando apenas o uso de uma nomenclatura e a distinção necessária pelo uniforme. Segundo B.P. o nome "Lobinho" ou "Cachorro" seria muito adequado especialmente este último para designar os Pata Tenras.

Quanto ao uniforme disse que um boné, semelhante ao usado no jogo de criket e um suéter estaria muito de acordo com a elegância e praticidade necessária.

Com mudanças e emendas, em 1914, o Headquarter Gazette publicou o esquema para "Lobinho" ou "Jovem Escoteiro" que não era mais que uma forma modificada de adestramento de escoteiros; incluía uma forma de saudação, um emblema em forma de cabeça de lobo, a promessa simples de servir e cumprir o dever e alguns testes simples adaptados a faixa etária.

O clima de guerra imprimia um forte sabor patriótico, com muitas manobras, marchas, saudações a Bandeira e cantar o Hino Nacional.

A publicação desse esquema foi acompanhada da promessa de B.P. de elaborar um Manual próprio para os pequenos o qual abordasse um método com características próprias.

O Manual do Lobinho

B.P. que não teve tempo suficiente para escrever o Manual do Lobinho durante a Primeira Guerra Mundial, porém, anunciou que o faria pouco tempo depois.

Com a erupção da guerra, as mulheres escalaram os lugares antes ocupadas pelos jovens, que haviam respondido aos apelos do exército. Assim, foi permitido o ingresso de senhoras e senhoritas no Movimento, estas estavam encantadas com a idéia de que pudessem adestrar os pequenos.

Suas idéias foram de grande valia na elucidação de problemas especiais que surgiam no adestramento dos pequenos.
E nesta leva feminina que surge o braço direito do Fundador, no ramo lobinho: a Srta. Vera Barclay.

O seu encontro com o Fundador deu-se no dia 16 de junho de 1916 em uma conferências em Londres, onde Chefes de Lobinhos reuniram-se para reivindicar o esperado Manual do Lobinho, que contivesse um esquema específico para o ramo.

Vera Barclay, uma romancista, não compareceu a conferência movida pelos seus objetivos uma vez que lobinhos não interessava, sua fixação eram os escoteiros. Porém, havia recebido um convite especial de B.P. que queria conversar com ela.

O objetivo de B.P. era contratá-la para juntar-se a equipe do Headquarters e trabalhar no projeto dos lobinhos. A idéia não a entusiasmou muito uma vez que lobinhos não era o seu trabalho, e fechar-se em um escritório em Londres não estava em seus planos.

Em sua atuação com escoteiros nas áreas carentes de Londres recebeu de companheiros mais formais a crítica de que os rapazes não atendiam perfeitamente a todos os aspectos da Lei Escoteira. Deu , então, uma resposta que se tornou famosa: "O que interessa é que pelo escotismo, os rapazes se tornem melhores!".

No entanto, em virtude de um joelho machucado, estava afastada de suas funções de enfermeira no "Netley Red Cross Hospital " e além do mais, como admitiu posteriormente, era um grande serviço para o escotismo isolar os meninos pequenos e seus persistentes chefes dentro de suas próprias competências.

Não demorou muito, porém, e os lobinhos conquistaram completamente a sua simpatia, instalando-se definitivamente dentro de seu coração, de forma que a fizesse fazer de tudo para que eles fossem aceitos na fraternidade escoteira, pleiteando junto ao Headquarters tudo o que eles queriam.

Ela dedicou-se com entusiasmo na organização do Manual do Lobinho, intercalando ao famoso manuscrito de B.P. recortes, seus desenhos feitos a pena e bilhetes que encontrava jogados sobre sua mesa, contendo novas idéias de B.P. muitas vezes anotadas em papéis de suas lâminas de barbear.

O Manual ficou também enriquecido com suas próprias opiniões acerca das insígnias e especialidades que constituiriam a parte II do Manual.

O Manual do Lobinho está impregnado de suas influências, feitas com entusiasmo e imaginação e, principalmente de um grande conhecimento da natureza de meninos pequenos. Ela via claramente a necessidade de conservar a essência, tanto quanto o método de treinamento, o tão distinto quanto possível daqueles do escoteiro.

Esta posição futuramente influiu fortemente para a sua indicação como Comissária do Quartel General para Lobinhos, posto que ela manteve até 1927.

Porém, o que veio responder a procura de Baden Powell por algo atraente, especial, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação da criança foi o Livro da Jângal, cuja adoção revolucionou completamente o esquema.

O Livro da Jângal

The Jungle Book (Livro da Jângal), de Rudyard Kipling foi publicado pela primeira vez em Nova York, em 1904, e sua poesia diáfana e pura captou a imaginação do público.

B.P sabia da importância da imaginação para meninos mais jovens e reconheceu, nesta obra, o suporte que viria dar a eles, todo o divertimento, interesse e atividade que necessitavam e que viria também a abrir o apetite pelo Escotismo.

B.P. escreveu a Kipling a fim de pedir permissão para tomar como base "The Jungle Books" em seu método. Kipling um bom amigo do Escotismo desde os primeiros dias autor da música oficial do Escotismo e pai de um escoteiro, imediatamente deu o seu consentimento.

Em sua maneira usual e pragmática B.P. transformou as imagens poéticas em forma de vida prática, adaptando os sonhos e alegrias de Kipling em um método educacional para pessoas jovens. Esse casamento da poesia com a ação foi feliz e permanece como um elemento importante na história do sucesso do Escotismo.

Isto foi em 1916 antes dele publicar seu plano completo e detalhado o qual autorizou a formação de um Agrupamento de Lobinhos, fazendo o reconhecimento e registrando-os como membros do Movimento Escoteiro.

O Manual do Lobinho foi escrito para os meninos, dividido em digestivos bocados reproduzindo as ilustrações do próprio B.P.
Todas as coisas sugeridas no Manual podem ser absolutamente aplicadas nos treinamentos dos dias de hoje, especialmente, pela linha típica da política de B.P.: "Nós ensinamos pequenas coisas brincando, as quais poderão eventualmente, adestrá-los a fazerem grandes coisas a sério".

A publicação do Manual do Lobinho em 2 dezembro de 1916 pode ser tomada como marco para que este ano podia ser considerado como o da fundação do ramo lobinho, embora tenha sido somente em 1923 que as regras completas do Lobismo foram reconhecidas.

Treinamento

A partir de 1920, Gilwell abriu suas portas para os chefes de lobinhos. O centésimo curso foi elaborado em 1949, pois o número de cursos foi acelerando-se desde cedo.

Em poucos anos, a presa portada com exclusividade pelos Chefes de Lobinhos foi substituída pelas tradicionais contas, igualmente aos Chefes de Tropa.
Manuais de treinamento e guias para lobinhos começaram a ser publicados, como também livros para serem usados pelos próprios lobinhos.
A demanda pelo treinamento cresceu mais que a capacidade de Gilwell. Em 1922, o título de Akelá Líder foi inventado, o que autorizava ao seu usuário a ministrar cursos na sua cidade, tão rigorosamente nos moldes de Gilwell quanto possível.

Uma curiosidade interessante é que os primeiros chefes com formação avançada no ramo Lobinho não usavam a Insígnia de Madeira e sim um par de dentes de Tigre (representando os dentes de Shere Khan). Mais tarde deixou-se de utilizar os dentes de tigre por uma questão de preservação ecológica... Salvem os trigres!


Lobismo e o Mundo

Semelhante ao Escotismo o Lobismo é uma fraternidade em todo o mundo. Na maioria dos países os lobinhos usam o Livro do Jângal, adaptado as suas próprias heranças.

No caso das Filipinas o programa é uma combinação do programa inglês e o americano, com adaptações locais. Não há lobos nas Filipinas, assim o símbolo é um gamo. No Japão o símbolo do lobismo é um filhote de urso.

Nos Estados Unidos os meninos até 11 anos são divididos em 5 itens, os quais são chamados de Tigres, Lobos, Ursos e Webelos (primeiro e segundo estágio) .

O estilo do boné do lobinho é quase universal, mas o uniforme difere, na França os lobos usam suspensórios sobre as suas camisas azuis e bonés de marinheiro azul.

Os alemães usam boné verde e suéteres com shorts de veludo marrom, com meias marrons até o joelho. Um lobinho do Canadá usa um uniforme verde, mas no inverno ele troca o seu boné por um gorro forrado de lã.

Uganda, no coração da África é quente o ano todo e existe uma real experiência com os animais da Jângal, uma vez que seus Akelás tem que levar consigo espingardas para afugentar os crocodilos, quando os lobos vão fazer atividades a beira de lagos.

Ocasionalmente os lobinhos juntam-se aos escoteiros e todos levam lanças para o caso de encontrarem elefantes ou outros animais da floresta.

Os lobinhos nos países sul americanos são chamados de lobitos ou lobatos tal qual no México. Na Malásia o uniforme é uma camisa folgada caqui e um boné de lobinho. Os lobinhos da Índia usam turbantes.

Os uniformes variam, as atividades variam, mas os lobinhos em volta do mundo juntam-se em uma fraternidade através da Promessa e todos parecem pensar da mesma forma que Baden Powell:

"Quando um companheiro faz uma Promessa, significa que será uma terrível desgraça se ele depois a negligenciar ou esquecer de cumpri-la. Em outras palavras: quando um lobinho promete cumpri-la, você pode estar absolutamente certo que ele vai fazer isto.
 
 
 
 
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