Matéria do A Tarde
A Empresa de Turismo da Bahia (Bahiatursa) divulgou a relação dos 77
municípios que vão dividir os R$ 3,86 milhões para a realização de
festas juninas pelo Projeto São João 2013. Entre as contempladas estão
55 cidades na lista de “situação de emergência” provocada pela seca da
Coordenação de Defesa Civil do Estado (Cordec). Os municípios em
dificuldades vão receber um total de R$ 2,5 milhões do Estado para
realizar a festa. De acordo com um levantamento do A TARDE, com base em
contratos emergenciais para a distribuição de água que constam no Diário
Oficial do Estado (DO), os recursos direcionados ao São João seriam
suficientes para garantir o pagamento das diárias de quatro
carros-pipas durante 30 dias para as 55 cidades.
O secretário do Turismo e presidente da Bahiatursa, Domingos Leonelli,
defende a realização da festa nas cidades atingidas pela seca. ”O São
João é um momento de festa que nós enxergamos como economicamente
positivo. Imagine o povo que já está sofrendo com a seca ser privado de
toda a movimentação que a festa gera não apenas para a grande indústria e
o grande comércio, mas para a economia informal”, diz. O secretário diz
que no período das festas juninas, mais de 500 mil pessoas saem da
capital rumo ao interior. ”Isso movimenta uma imensa cadeia, que passa
por bebidas, comida, vestuário e até hospedagem, porque muitas casas são
transformadas em pousadas”, destaca.
Segundo ele, a divisão dos recursos foi feita com base na avaliação de
uma comissão com representantes das secretarias de Relações
Institucionais (Serin), Cultura (Secult), Comunicação (Secom), Casa
Civil e Turismo (Setur), além de representantes da Bahiatursa. Este ano,
o volume para a realização das festas aumentou 36% em relação ao ano
passado, quando o Estado disponibilizou R$ 2,8 milhões para 62
municípios. Cuidado com as contas – O presidente do Tribunal de Contas
dos Municípios (TCM), Paulo Maracajá, acredita que não há nada de errado
nos municípios atingidos pela seca receberem recursos do Estado para
realizar as festas juninas. Mas ressalta: “É preciso ter cuidado com os
gastos dos cofres dos municípios”. De acordo com Maracajá, as 22
inspetorias regionais do TCM estarão atentas aos gastos “que não forem
razoáveis” feitos pelas prefeituras.
O que não é razoável? “Não é razoável que um prefeito veja a população
passando necessidade por conta da seca, às vezes sem recursos para pagar
a folha, e gaste R$ 200 mil ou R$ 300 mil com a contratação de
artistas”, diz. Nestes casos, o presidente do TCM diz que os prefeitos
terão que ressarcir a cidade. A reportagem tentou falar com a presidente
da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria Mendes, mas ela
não retornou o contato até o fechamento desta edição. De acordo com
matéria publicada no site da UPB, a prefeita estava em Brasília buscando
recursos para cidades atingidas pela seca.