sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Músico alemão registra Samba da Charanga de Irará para tese de pós-graduação



Nielton (e) junto com Janco e Anderson
Nielton (e) junto com Janco e Anderson

Janco Bystron, baterista e estudioso alemão é doutorando em etnomusicologia e faz intercâmbio na Universidade Federal da Bahia(UFBA). Em sua pesquisa estuda ritmos percussivos brasileiros, mas especificamente os baianos. No campus universitário ele conheceu Nielton Marinho, percussionista iraraense e estudante da universidade. 
Nielton há algum tempo já havia tido a ideia de montar um grupo de percussão. No entanto não queria simplesmente tocar ritmos que estuda continuamente na universidade. Junta-se então ao percussionista também iraraense, Rodrigo Lima, para fazer um projeto de percussão do Samba de Lavagem de Irará, que embala a tradicional festa da cidade e é tocado pela Charanga. “Queremos preservar e valorizar algo que é nosso”.

Encontro
É aí que os caminhos destes dois músicos se cruzam. Nielton mostra para Janco o singular ritmo do samba de lavagem, o alemão se interessa pelo ritmo e decide utilizá-lo para compor sua tese de pesquisa.
Junto com seu estudo, Janco faz registros audiovisuais dos grupos que estuda para além de compor a pesquisa, divulgar os grupos que tem participado dela. O registro do grupo iraraense aconteceu numa quinta-feira, dia 31 de outubro. 
Campo 
Janco veio acompanhado de Anderson Petti, também percussionista, que tem lhe auxiliado nos estudos. “A tese de Janco, acabou aliando um interesse nosso, como músicos baianos, com a necessidade dele, de fazer a pesquisa” declara Anderson.
O alemão diz que ainda precisa analisar melhor o material colhido, mas inicialmente achou o samba de lavagem iraraense semelhante ao frevo, pelo ritmo rápido. Entretanto assinala que ainda é cedo pra ter um parecer sobre o ritmo. 
“Eles tem a certeza do que querem fazer. É bonito”, declara ele após conhecer de perto a charanga. O musico alemão ficou encantado pela diversidade encontrada no Brasil. “Você chega aqui em Irará, você tem uma coisa especial. 200km num outro lugar, já tem outra coisa”. 
Singularidade 
Para  Nielton, o samba de lavagem tocado pela nossa tradicional charanga, é único. “O samba de lavagem daqui de Irará é diferente, tem uma singularidade. Isso só tem aqui”. Foi partindo dessa observação que junto com Rodrigo Lima, o percussionista montou o projeto, em que levou o tradicional ritmo de rua para o estúdio. “A gente tá pegando o tradicional, e trazendo o contemporâneo”.
No entanto o músico iraraense lamenta a falta de atenção dos poderes públicos, que segundo ele não “chegam junto” ao projeto. “Infelizmente os poderes públicos acham que a charanga tem que ir até eles. No entanto eles que tem que ir até a charanga, que é uma cultura viva”.
Documentário
Sobre a possibilidade de fazer um filme documentário com os registros já colhidos, Janco é cauteloso. Ele diz que esses registros audiovisuais de entrevistas e das apresentações dos grupos não foi algo planejado. Na opinião dele para transformar o material em um filme seria preciso todo um trabalho burocrático. “Vai sair um filme, e quem vai ganhar com isso?”. 
Seria preciso se comunicar com os grupos para saber as intenções de cada um. Para ele a prioridade é terminar primeiramente o estudo, e divulgar a cultura desses grupos na internet.



                                                                 






Imagens: Jonas Pinheiro

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