quarta-feira, 14 de junho de 2017

Advogada agredida por PMs nega acusações de racismo

A advogada Eduarda Mercês Gomes, 25 anos, vítima de agressão por policiais militares, no último domingo (11), em uma loja de conveniência do posto Menor Preço, no bairro da Barra, em Salvador, chamou a imprensa na tarde desta terça-feira (13) para detalhar o caso e contar a sua versão da história. Desde o domingo, o vídeo circula nas redes sociais e nos veículos de comunicação. Durante a entrevista, Eduarda contou que tudo começou porque a dona do estabelecimento estava irritada por causa das pessoas que não estavam consumindo e queriam utilizar o banheiro. Eduarda Mercês afirma que a dona de prenome “Rosa” pediu ao funcionário para que fechasse o banheiro e dissesse que estava interditado. “Chegou um rapaz que eu nunca vi na minha vida e insistindo em dizer que viu pessoas utilizando o banheiro e por isso queria utilizá-lo também”, contou. A partir daí, Eduarda perguntou à Rosa se comprando algo para o rapaz, ele poderia usar o banheiro. A dona autorizou. Eduarda ainda relatou em entrevista que foi até o funcionário, que não teve o nome revelado, e disse “Dona Rosa deixou ele utilizar o banheiro. Já comprei por ele”. De acordo com a advogada, o funcionário respondeu “agora quem não quer deixar, sou eu”. “Não sei por qual motivo, mas insisti: deixa ele usar logo. É melhor que ele vai usar e vai embora, evitando qualquer dano ao estabelecimento ou confusão”, narrou. Neste momento, a advogada falou que a polícia foi chamada. “Quando a polícia chegou, falei: sou advogada, deixa eu tentar te explicar para não haver nenhuma confusão dentro do estabelecimento. Um dos policiais me empurrou e eu fiquei com medo de cair”, disse Eduarda ao justificar que fez uma cirurgia recentemente para a retirada de um tumor na cabeça e está com a cicatriz sensível. Durante a confusão, Eduarda explicou que quando tentou se segurar na mão de uma pessoa, que ela não soube identificar, um dos policiais deu um chute entre as pernas dela por trás e ela caiu no chão. “Quando eu caí, eu percebi que eles não iam parar. Com medo de ser agredida, mais ainda, eu levantei as mãos e disse: eu não estou resistindo! Podem me levar! Foi aí que o tenente desceu uma joelhada”, relatou. Ela relatou ainda que foi agredida em locais como a pélvis, na barriga e na costela. A advogada ainda chegou a dizer aos policiais que a prisão era arbitrária e ilegal e, mesmo assim, segundo ela, foi levada para a central de flagrantes dentro de um camburão. “O rapaz que estava de blusa preta no vídeo, que queria utilizar o banheiro, disse aos policiais: me leve! Ela não tem nada a ver com isso! Ela só estava ajudando. Eles sequer olharam para o rapaz e ele me seguiu até o camburão. E quando o rapaz chega do lado, ele [o policial] dá um empurrão no rapaz e ele já não vê mais o que fazer”, continua. “Rodei em média 15 minutos sem destino, algemada, e eles estavam em alta velocidade. Eu literalmente parecia uma bolinha de ping-pong”. Para Roberto Startori, advogado da vítima, “Eduarda não podia, de forma alguma, ser manejada por policiais homens. Teria que ser abordada pela PFem e não por homens. De forma alguma não poderiam nem tocá-la, quem dirás agir da forma que agiram”. Startori continua: não é porque é advogada. É porque é uma mulher sendo agredida por quatro homens. Eles macularam diversas normas do ordenamento jurídico. Eles abusaram da autoridade deles... Eu gostaria de entender qual é a extrema necessidade do uso de algemas em uma mulher diante de quatro homens com quatro fuzis e quatro pistolas. Sobre as acusações de injúria racial contra o funcionário da loja, Eduarda Mercês respondeu: essa história de racismo só foi levada ao posterior devido à instrução que os policiais deram ao funcionário da loja. Ela ainda disse que não usou nenhuma palavra ofensiva contra o rapaz da loja: “meu pai é negro, minha família é negra, eu me considero negra”, afirmou. Emocionada, Eduarda reafirmou “eu vi várias mídias falando que não dei queixa. Realmente. Eu estou aqui, mas estou com dores. Eu não consegui dormir porque cheguei 4h30 em casa depois de ir no Instituto Médico Legal (IML). Eu só fazia tremer”. Ela ainda foi ao hospital Português nesta segunda-feira (12), fez exames e tomografias. “Eu não tenho nada contra a PM. É necessária a corporação. Nós precisamos do apoio deles. Sei que o trabalho deles não é fácil, mas o que eu não admito é ser maltratada, como um lixo. Eu sou uma pessoa acima de tudo”, finalizou. O advogado Roberto Starteri disse que o próximo passo é ir na 14ª Delegacia Territorial prestar notícia crime contra os policiais que agrediram Eduarda, pelo crime de abuso a autoridade e lesão corporal. Depois, entrará com um processo junto à comissão da OAB para que ela tome posse da ação junto à corregedoria da PM. Em nota divulgada à imprensa no início da tarde desta terça (13) a Polícia Militar informou que a mulher foi conduzida por estar agressiva e por já ter agredido um dos funcionários do posto de combustível, inclusive com palavras de cunho racista, conforme consignado pela própria vítima em suas declarações no termo circunstanciado registrado na unidade de polícia judiciária. Quanto à conduta dos policiais durante o atendimento da ocorrência, o vídeo veiculado será encaminhado para a análise da Corregedoria Geral da PMBA e, se for detectado excesso por parte dos profissionais, será motivada uma apuração administrativa pelo órgão correcional. Fonte:bocão News

Tradutor